Camarões

Contexto

Desmatamento

Entre 2021 e 2023, o Camarões perdeu 2,05 milhões de hectares de florestas — o equivalente a 6,5% de sua cobertura florestal — o que também corresponde a 1,23 gigatoneladas de emissões de CO2.

Contexto local

O desmatamento, as práticas de cultivo não sustentáveis, a fraca governança fundiária e a aplicação limitada das leis ambientais ameaçam a biodiversidade em Camarões. Os pequenos produtores enfrentam barreiras de mercado e a pobreza rural impulsiona a invasão das florestas. Enquanto a demografia e a agricultura de corte e queima desempenham um papel significativo no desmatamento em Camarões, a exploração da floresta e das terras desmatadas para mercados estrangeiros têm um papel central na degradação ambiental e na desapropriação das populações agroflorestais, especialmente dos povos indígenas.

Biodiversidade

O Camarões tem cerca de 28 milhões de hectares de florestas, cobrindo quase 62% da área total do país. Essas florestas são muito ricas em biodiversidade e representam um imenso potencial em termos de serviços de ecossistema.

Agricultura

A agricultura representa 17% do PIB do Camarões e emprega mais de 43% da população. As principais culturas incluem o cacau, café, mandioca e milho. Em 2025, o valor deste setor pode chegar a US$ 11,7 bilhões. No entanto, a agricultura também é um fator crucial de desmatamento em Camarões, e a agricultura industrial e de pequena escala — especialmente para cacau, óleo de palma e borracha — contribui para a perda de florestas.

Separação entre agricultura
e desmatamento

Em Camarões, os esforços para dissociar a agricultura do desmatamento focam em melhorar a rastreabilidade, promover os sistemas agroflorestais e alinhar as estratégias nacionais com os regulamentos para produtos livres de desmatamento da UE (por ex., os padrões do cacau dos Camarões). Os setores de cacau e café são particularmente visados devido à importância para as exportações e sua pegada ambiental. Camarões está desenvolvendo sistemas digitais para geolocalizar fazendas e garantir a produção legal e sustentável. Essas iniciativas têm o apoio de parcerias como o projeto SAFE, que contribui para o uso sustentável da terra, a preservação das florestas e a melhoria dos meios de subsistência rurais. No entanto, ainda há desafios devido à fraca governança, à insegurança de posse da terra e à invasão das florestas impulsionada pela pobreza.

Abordagem

O projeto SAFE em Camarões tem como objetivo aumentar a conscientização do público e do setor privado sobre o EUDR (Regulamento da União Europeia contra o Desmatamento) e sua importância para as futuras exportações do país Camarões para o mercado da União Europeia. O projeto busca oferecer assistência técnica, desenvolver capacidades, intensificar os sistemas de rastreabilidade e promover parcerias confiáveis e estáveis através da troca de conhecimentos entre uma ampla gama de partes interessadas.

Em Camarões, o foco está no cacau e café, com os objetivos específicos de (i) fortalecer as cadeias de suprimentos para atender às exigências do mercado em termos de produção de acordo com os requisitos do EUDR; (ii) facilitar o acesso ao financiamento para a transição para uma produção sustentável e livre de desmatamento; (iii) reforçar a capacidade de pequenos produtores, para que eles possam administrar os sistemas de produção de cacau e café de maneira eficiente e sustentável; e (iv) participar em plataformas de múltiplas partes interessadas para disseminar informações e boas práticas para a implementação do EUDR em nível regional e internacional.

Commodities com as quais o SAFE trabalha no Camarões:

Abordagem

Commodities com as quais o SAFE trabalha no Camarões:

Atividades

Rastreabilidade:

O SAFE promove a geolocalização e a coleta de dados em nível de fazenda para garantir a conformidade com os regulamentos da UE para produtos livres de desmatamento. Os produtores e os atores da cadeia de suprimentos recebem apoio para implementar sistemas de rastreabilidade interoperáveis.

Facilitando o acesso
ao financiamento:

O SAFE oferece apoio a cooperativas e agentes privados, permitindo que tenham acesso a financiamentos públicos e privados adaptados a uma agricultura favorável às florestas. Ele incentiva investimentos ecológicos e incentivos financeiros para práticas sustentáveis.

Diálogo regional:

O SAFE promove o intercâmbio regional de conhecimentos sobre a implementação do Regulamento da UE sobre o desmatamento (EUDR). Ele participa da coordenação entre os formuladores de políticas, a sociedade civil e os atores da cadeia de valor através de fóruns e aprendizado compartilhado.

Parcerias de desenvolvimento integrado com o setor privado (iDPP):

O projeto SAFE apoia relações comerciais inclusivas entre cooperativas e empresas privadas comprometidas com o desmatamento zero, através de contratos agrícolas e produção de valor agregado. Essas parcerias melhoram o acesso dos produtores ao mercado e a sustentabilidade ambiental.

Disposições legais e regulatórias:

Através do diálogo multissetorial, o SAFE facilita o desenvolvimento de ferramentas de política inclusivas que promovem cadeias de valor sustentáveis. Ele também fortalece a cooperação entre setores para conformidade e compartilhamento de dados.

Capacitação:

O SAFE treina pequenos produtores sobre o EUDR, sistemas de produção sustentáveis e baseados em agrofloresta, boas práticas agrícolas (BPA) e empreendedorismo (Farmer Business Schools for coffee, FBS). Ele também fortalece os conhecimentos sobre direitos de posse de terra e acesso legal à terra.